sexta-feira, 1 de julho de 2011

Correio do Minho - Notícias

Crianças de Sta. Tecla "ganham" férias de Verão


26392_230x180.jpeg

A meio da sua execução, o projecto ‘Geração Tecla’ começa a cumprir o objectivo de promo-ver a inclusão social e escolar das crianças e jovens residentes no Bairro Social de Santa Tecla. Em Setembro, um rapaz e duas raparigas da comunidade cigana ali residentes vão iniciar o 2º ciclo do ensino básico, um dado relevante se se tiver em conta que, no ano lectivo que agora terminou, apenas quatro menores daquela minoria étnica frequentaram este nível de estudos.

Três dos novos alunos de 2º ciclo do Bairro de Santa Tecla estão enquadrados no projecto ‘Geração Tecla’, da responsabilidade da delegação de Braga da Cruz Vermelha Portuguesa.
“A inclusão escolar das crianças é um dos grandes objectivos do projecto”, declara ao ‘Correio do Minho’ o coordenador de ‘Geração Tecla’, David Rodrigues. No arranque do programa ‘Férias de Verão’, que ocupará cerca de seis dezenas de crianças do Bairro até 9 de Setembro, este psicólogo adianta que “não há um único jovem do Bairro de Santa Tecla no 9º ano de escolaridade”

“Estas crianças não gostam da Escola, mas a Escola também não gosta destas crianças”, considera David Rodrigues, que defende a criação de pontes com a comunidade cigana de uma urbanização fortemente estigmatizada pelo fenómeno da toxicodependência. 
É com este propósito que decorre o programa ‘Férias de Verão’, dirigido a crianças entre os seis e os 14 anos.

De segunda a sexta-feira, entre as 9h00 às 17h30, as crianças do  Bairro de Santa Tecla participam em ateliês de artes plásticas e culinária, sessões de informática e ciência e visitam locais de interesse cultural e turístico da região e a piscina municipal de Braga.
“As famílias não pagam rigorosamente nada” pela participação dos seus filhos nestas actividades lúdicas.

Equipa de voluntariado

Os menores são acompanhados por uma equipa de voluntários, entre os quais uma jovem espanhola, uma finlandesa e uma polaca, integradas ao abrigo do Serviço de Voluntariado Europeu.
Andreia Godinho, recém-licenciada em Engenharia Biológica pela Universidade do Minho, é voluntária no projecto ‘Geração Tecla’. 
Ontem de manhã orientou um grupo de crianças numa sessão de ciência viva. É a primeira vez que faz voluntariado, o que a ajuda a preencher algum tempo do seu tempo de desempregada. Andreia pensa prosseguir a actividade de voluntariado, reconhecendo que agora “é difícil sair”.

O projecto ‘Geração Tecla’ necessita de mais voluntários para os próximos turnos das ‘Férias de Verão’, um programa que foi possível concretizar depois de criadas relações de confiança com a comunidade cigana que habita no Bairro de Santa Tecla. 

David Rodrigues reconhece que as actividades promovidas pela sociedade maioritária ainda são ainda vistas como “ameaça-doras para a preservação da identidade cultural da minoria cigana”.
Se “as crianças ciganas são bastante maleáveis à inclusão social, a maior parte dos pais não confia os seus filhos a terceiros”, refere o coordenador do projecto, um dos 131 financiados pelo Programa Escolhas. 

‘Geração Tecla arrancou em Janeiro de 2010 e termina em Dezembro de 2012.
Antes destas ‘Férias de Verão’, a equipa técnica e de voluntários da Cruz Vermelha pôs já a funcionar um espaço de acesso à internet e constituiu um turma de alunos ao abrigo do Programa Integrado de Educação e Formação (PIEF) para a qualificação de 13 jovens com o 9º ano de escolaridade.

No último ano e meio, os técnicos do projecto têm assumido o papel de mediadores entre a escola e as famílias das 38 crianças do Bairro que frequentam o 1º Ciclo do Ensino Básico. David Rodrigues regista como “grandes sucessos” do projecto fazer com que as faltas escolares de algumas crianças baixem de 90 para 40 num ano lectivo. 
O desejo da equipa ‘Geração Tecla é que, no final do programa ‘Férias de Verão’, os meninos ciganos gostem um pouco mais da escola e que esta passe também a gostar mais dos alu-nos ciganos.

‘Geração Tecla’ surge na continuidade do projecto ‘Colorir o Sábado’ que a Juventude da delegação de Braga Cruz Vermelha iniciou em Novembro de 2007. 
O objectivo já era, nessa altura, “trabalhar de uma forma mais efectiva a inclusão social das crianças e jovens mais vulneráveis, residentes no Bairro Social de Santa Tecla”.